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Jorge Bento viveu até à morte numa casa da Rua Direita, a única da rua que só tinha uma porta e uma janela.
Jorge Armando Oliveira dos Santos Bentofaleceu há precisamente 20 anos, em 18 de outubro de 2004. Foi uma figura notável em Leça da Palmeira, onde nasceu a 11 de setembro de 1915. Ao longo da sua vida deixou um vasto legado intelectual, cultural e comunitário, sempre com a pátria no coração.
Jorge Bento era conhecido pelo seu jeito afável, gentil e dócil, que cativava todos ao seu redor. Apesar desta ternura natural, foi também um homem de fortes convicções, cuja dedicação aos seus ideais se refletia em tudo o que fazia. Extremamente meticuloso e rigoroso, dedicou-se com paixão aos projetos que propôsseja na preservação da história de Leça da Palmeira, seja nas suas múltiplas atividades culturais. Sua personalidade equilibrava uma sensibilidade genuína com disciplina firmetornando-o uma figura admirada e respeitada por todos que o conheceram.


Funcionário da Agência de Navegação e Comércio, dedicou-se simultaneamente à preservação da história e cultura de Leça e Matosinhos, com um extenso trabalho bibliográfico que se tornou referência para o conhecimento históricoetnológico e musicológico de Leça da Palmeira e Matosinhos.


Em 1933 fundou o grupo coral polifónico “Capela de S. Miguel” que dirigiu durante 33 anos, foi ensaiador no Rancho Típico da Amorosa e editor da “Voz de Leça”, fundada pelo reverendo Padre Alcino Vieira dos Santos. Além disso, é autor do Hino do Leça Futebol Clube e envolveu-se em diversas iniciativas artísticas, como a pintura e a iluminura, das quais os Livros de Honra da Sociedade Humanitária de Matosinhos – Leça e o Lions Clube de Leça da Palmeira são preciosos exemplos.
Jorge Bento ele foi autor de 29 livros entre 1980 e 2004dedicado a temas ligados a Leça da Palmeira, retratando figuras e acontecimentos locais. Os seus livros são imprescindíveis de consulta para o conhecimento de Leça hoje e ontem, constituindo uma verdadeira “Bíblia de Leça”.
Uma de suas primeiras obras foi a história da imagem de Nossa Senhora da Conceiçãoescrito para comemorar os 500 anos da chegada da imagem a Leça. O seu contributo foi reconhecido com diversas distinções, como a Medalha de Prata de Cidadão Honorário de Leça da Palmeira e a Medalha de Ouro de Mérito dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Liça.


Casado com Palmira do Sacramento Silva desde 1941, Jorge Bento teve quatro filhos (Cecília, Miguel, Manuel e António) e foi também um importante colaborador na freguesia de Leça da Palmeira. Durante alguns anos geriu a sala de cinema do Salão Paroquial, antes de emigrar para Moçambique em 1973, onde continuou a sua actividade comunitária. Regressando a Portugal em 1976, retomou o trabalho literário e artístico e rumou aos cinemas, onde foi durante muitos anos chefe do Cinema Chaplin.
Deixou a marca do seu talento artístico na cenografia das noites memoráveis no Clube de Leça, no Teatro Constantino Nery em Matosinhos, no Salão Paroquial de Leça da Palmeira e na 'Associação Recreativa Aurora da Liberdade'.
Jorge Bento, para além da sua vasta obra, deixou um legado duradouro na história e cultura de Leça da Palmeira e do Concelho de Matosinhos, sendo lembrado como uma das suas figuras mais influentes.

