Ministro do Trabalho diz que ainda é “muito cedo” para introduzir uma semana de quatro dias
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Rosário Palma Ramalho, considerou esta sexta-feira “muito cedo” para avançar com a implementação de uma semana de quatro dias, depois de apresentar as conclusões de um projeto piloto neste contexto.
Questionado à margem de um evento na reitoria da Universidade do Porto, onde foi discutida a semana de quatro dias, um governante disse: “Ainda estamos muito longe” sobre possíveis regulamentações sobre a matéria.
“Na verdade, nunca iremos regular esta questão sem levá-la à consulta social”, disse ele.
O ministro lembrou que este estudo, apoiado pelo anterior governo, foi ele próprio “considerado um princípio de reflexão”.
Ele afirmou: “Esta é uma pesquisa de cientistas, portanto é uma reflexão que deve ser continuada, e deve ser continuada não apenas pelas empresas, mas também pelos trabalhadores, organizações de gestão e sindicatos”.
Rosário Palma Ramalho alertou também para os potenciais efeitos indirectos do modelo previsto no estudo, uma vez que os resultados mostraram um elevado grau de receptividade entre as trabalhadoras, e alertou para o aumento da discriminação de género.
“Portugal tem uma distribuição de papéis sociais muito tradicional, pelo que as mulheres continuam a assumir a maior parte das responsabilidades familiares”, afirmou o responsável, acrescentando que são necessárias medidas para aumentar a equidade. Contribui para aumentar essas responsabilidades de forma desproporcional “contra a mãe”.
Lançado no ano passado, o projeto português dirigiu-se a 41 empresas, adotou uma semana de quatro dias em vários formatos e implementou diversas mudanças organizacionais.
Um comunicado do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) divulgado na semana passada afirma que as conclusões incluem a melhoria das operações e do desempenho, sendo que apenas uma empresa necessita de contratar mais trabalhadores.
No final, apenas quatro empresas voltaram a ter uma semana de trabalho de dois dias.
Do lado dos trabalhadores, o projecto-piloto reduziu a fadiga e a exaustão, melhorou a saúde física e mental, e a maioria deseja que continue.

