A marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto estava em perigo. As exigências financeiras da PSP ameaçaram o campo.
As exigências financeiras da Polícia de Segurança Pública (PSP) face às “ameaças e vulnerabilidades” colocam em dúvida a realização da marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto marcada para este sábado, lamentou a comissão organizadora.
A Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto (COMOP) 2024 anunciou esta quarta-feira ter recebido do Comando Metropolitano do Porto da PSP um custo estimado de 5.359,10 euros pela segurança paga do festival.
A marcha 19 terá início às 15h00 na Praça da República, culminará às 19h00 no Largo Amor de Perdíção, onde terá lugar o Ajaial+Orgulhoso do Porto, e prolonga-se até à 1h00 de domingo.
Segundo um comunicado enviado pelo COMOP à Lusa, a PSP defendeu que o festival é considerado uma manifestação e é diferente de uma marcha, que exige uma atuação policial desenfreada para garantir os direitos e a proteção dos manifestantes.
A Comissão manifestou dúvidas sobre esta distinção e questionou o aumento de 7x relativamente aos 701,19 euros cobrados na edição de 2022, que a PSP justificou.
O COMOP disse que, fruto de uma “estreita coordenação” com a Câmara do Porto, a polícia municipal foi acionada para reduzir o número de efetivos enviados pela PSP, reduzindo os custos para cerca de 2.500 euros.
O governo local cobrirá “a maior parte da conta” e a comissão organizadora cobrirá 1.000 euros.
Ainda assim, o comunicado critica o valor que está a ser cobrado pela segurança de uma “iniciativa voluntária, comunitária, federada e sem fins lucrativos” na qual a organização pretende envolver mais de 20 mil pessoas.
A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto é composta por 22 grupos e associações da cidade que trabalham de forma voluntária no combate à discriminação nas suas comunidades, sublinhou a comissão.
O COMOP disse que “entende que o direito de manifestação é intransferível e deve ser garantido”, e “ainda mais dadas as ameaças e vulnerabilidades mencionadas pela PSP”.
“Nas democracias baseadas no Estado de direito, cabe à mesma norma garantir a proteção das pessoas face às ameaças de grupos de ódio”, sublinhou a organização.
A comissão anunciou quinta-feira que a marcha terá lugar “num dos momentos mais críticos da história de Portugal desde o 25 de Abril”.
Numa declaração separada, o COMOP recordou a recente eleição de 50 membros de “extrema direita”, o “retorno do ultraconservadorismo às forças políticas tradicionais” e o “surgimento de grupos paramilitares genuínos que perseguem pessoas e organizações”.
“Políticas e discursos homofóbicos, transfóbicos, misóginos, racistas, xenófobos e capacitistas estão ganhando força novamente e promovendo uma sociedade regressiva, conservadora e odiosa. “Mas a resistência e a liberdade sempre existirão”, prometeu a comissão.

