Cientistas preocupados com a extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
A Associação de Investigadores Científicos (ABIC) manifestou-se este sábado preocupada com a fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Ministério da Educação, considerando-a um “sinal político da desvalorização” destes sectores.
“A Associação de Bolseiros de Investigação Científica tem grandes preocupações e preocupações com os recentes anúncios relativos à composição do novo governo, nomeadamente a fusão do Departamento de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com o Departamento de Educação. Não há dúvida de que a política sinais de que reunir esses setores sob um mesmo guarda-chuva desvaloriza esses setores são desvalorizados”, afirmou a ABIC em comunicado.
A educação, o ensino superior e a ciência voltarão a estar sob a mesma tutela na estrutura do 24.º governo constitucional, com um novo Ministério da Educação, Ciência e Inovação chefiado pelo economista Fernando Alexandre.
No último governo social-democrata liderado por Pedro Passos Coelho, estas áreas já estavam sob a mesma tutela, mas em 2015 António Costa transferiu estas áreas para os ministérios da Educação, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.Separadas em duas províncias.
A Associação dos Trabalhadores da Investigação Científica afirmou que o último governo do PS “não conseguiu resolver os problemas dos trabalhadores científicos e da ciência”.
Neste sentido, disse, o atual governo PSD/CDS “não pode ignorar o impacto do Regulamento dos Bolseiros de Investigação (EBI) nas realidades de trabalho existentes na ciência e no ensino superior” para resolver estas questões, afirma.
“A normalização da insegurança e da falta de direitos sociais e trabalhistas abrange diversos grupos ocupacionais e não terminará até que termine a EBI e todos os contratos de bolsas sejam substituídos por contratos de trabalho”, explica a ABIC.
A associação afirmou: “As condições precárias em que trabalham 90% dos investigadores, os custos altíssimos de impostos, taxas e subornos, o desemprego, a doença, a falta de subsídios de assistência aos filhos, a falta de férias, Natal e refeições, a total falta de acesso e promoção nas carreiras científicas, financiamento público de empresas privadas sob o pretexto de inovação e integração de doutores nas empresas, desvalorização da ciência básica, mercantilização da investigação científica.
A ABIC lembrou que participaria “nas ruas para reivindicar e lutar pelos direitos dos trabalhadores científicos”.
O primeiro-ministro designado, Luís Montenegro, e os ministros do 24.º governo constitucional tomam posse na terça-feira, o secretário de Estado toma posse dois dias depois e os debates sobre o plano de governo estão marcados para 11 e 12 de abril.

