Pressionaram os moradores para saírem, mas o futuro do Bairro do Crusinho no Porto ainda está indeciso
Os moradores do Bairro do Crusinho, na rua Campo Alegre, no Porto, foram despejados há mais de seis anos para dar lugar a torres de dormitórios estudantis para substituir as suas casas. No entanto, os tempos mudam e as exigências também. Em 2023 será submetido à Câmara Municipal do Porto um Pedido de Informação Prévia (PIP) para a construção de um edifício com 189 apartamentos. O terreno é propriedade de uma empresa associada à comercialização de vinho do Porto e, quando contactada pela Port Canal, não quis divulgar detalhes do novo projeto.
A vizinhança da Praça Gariza é o último bairro operário desta zona da cidade do Porto, fundada em 1895, embora não tenha notado quaisquer alterações na sua envolvente. Foi em outubro de 2017 que os proprietários de 47 casas no Cruzinho informaram os moradores. Sobre a intenção de construir ali um prédio de 10 andares com espaços comerciais, academia e moradia estudantil. Isto foi confirmado num pedido de informação prévia (PIP) recebido pelo Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal do Porto. Os 13 inquilinos que resistiram na casa, onde as obras não cumpriram o prometido, tiveram que sair.
Mais de seis anos se passaram e nenhum residente, nenhum prédio e nenhuma demolição começou. Numa ilha que não queria que o seu nome fosse manchado, as casas estavam vazias, as portas estavam muradas, as passagens estavam bloqueadas e as únicas coisas novas eram as ervas daninhas que cresceram com o tempo.

Contactada pelo Porto Canal, a autarquia liderada por Rui Moreira anunciou que está em curso em operações de urbanismo a aprovação das obras para construção de alojamentos estudantis a partir de 2021, e que o projeto do edifício foi acrescentado em fevereiro de 2022. No entanto, os planos parecem ter mudado em 2023, com o mesmo requerente a apresentar um PIP para a construção de um complexo de apartamentos com 189 residências e instalações comerciais.
O terreno é propriedade da Floodgate Partnership – Land Holdings, SA – ou até Setembro de 2023 conhecida como Floodgate Partnership – Vinhos, SA – proprietária de marcas de vinho do Porto como Taylors, Fonseca e Crofts. De acordo com documentos examinados pelo Porto Canal na Conservatória do Registo Predial do Porto, a empresa celebrou um contrato de permuta com o anterior proprietário e o terreno passou a ser sua propriedade em 22 de setembro de 2017. Um mês depois, o Jornal de Noticias noticiou que estavam sob pressão dos moradores. Saindo de casa.
O Port Canal contactou a empresa, presidida por Adrian Bridge, mas a empresa recusou-se a fornecer detalhes do processo e insistiu que o PIP 2023 ainda aguardava aprovação. Segundo o Cartório de Registro de Imóveis, o anterior proprietário buscou a recuperação do terreno cancelando o contrato de permuta com a Floodgate Partnership (Southeast Vinos), mas o destino do espaço aguarda o desfecho do processo judicial.

registro de óbito divulgado
Os ‘dias’ dados ao Bairro do Cruzinho não são uma sentença de 2017. Em 2011, os moradores ficaram com um pé para fora após receberem uma carta do então proprietário do prédio informando que havia alojamento disponível. , em habitações cedidas pela Câmara Municipal em diversos pontos da cidade do Porto, mediante acordo entre a Câmara Municipal do Porto e os proprietários, conforme reunião realizada entre as partes,'' pode ler-se na versão impressa do jornal público. O conflito de interesses foi a intenção do proprietário de construir no terreno e os obstáculos colocados pelo plano diretor da cidade (PDM).
Está prevista a reorganização da rede viária da zona, estando a PDM a prever a abertura de um novo arruamento entre Júlio Dinis e Barboza Bocage, que afectará apenas uma pequena parcela do terreno. Soma-se a essa equação a intenção de longa data do município de alargar a Via Bon Sucesso, que margeia parte do terreno.
Esta zona, dominada pelas zonas vizinhas, promete um futuro nobre para o “Cruzinho”.


