Mais de 20 alunos da ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo) estreiam-se no Teatro Carlos Alberto, no Porto, com Ifigénia, uma peça que tenta reescrever uma antiga tragédia grega e aproximá-la da era moderna.
“Estamos com raiva”, disseram as sete meninas do Angry Women's Choir, sentadas no palco.
À medida que avançam os ensaios para a coletiva de imprensa, as meninas comentam a história da filha do rei Agamenon, Ifigênia, que foi sacrificada pelo soberano para lutar na Guerra de Tróia.
“As causas das tragédias não aparecem nas tragédias”, disse uma das meninas, e outra acrescentou: “A maioria dos gregos nunca viu uma tragédia”.
A dois dias da estreia, os 24 alunos finalistas da ESMAE estão a finalizar os detalhes finais da peça, com texto de Tiago Rodriguez e direção de Lygia Roque.
O diretor enfatizou aos jornalistas que duas realidades se fundem no palco: o coro de mulheres revoltadas e a história de Ifigênia.
“A história de Ifigénia decorreu entre 1200 e 1300 a.C.. Há uma cronologia enorme que liga estas duas realidades”, disse, citando como exemplo uma cena que retrata o dia anterior à Guerra de Tróia, que irá substituir. é possível. Do “dia anterior à guerra” até o presente.
Alguns dos jovens atores são finalistas em cursos de atuação, cenografia, figurino, direção de palco, iluminação e som.
“Os alunos foram impecáveis no comprometimento e profissionalismo”, acrescentou Lygia Roque.
No palco, André Pigno interpreta o rei Agamenon, e se o maior desafio é “deixar crescer o cabelo e a barba”, também o é interpretar um personagem que “carrega o fardo de sacrificar alguém próximo a ele”.
Por outro lado, mesmo que lhe seja difícil interpretar uma personagem que sacrifica a própria filha, não é tão difícil aproximar esta tragédia grega dos tempos modernos.
“Esta peça é sobre uma guerra que se aproxima, mas infelizmente há muita coisa acontecendo neste momento, tanto na Ucrânia como na Faixa de Gaza. Pessoalmente, penso para as pessoas comuns que é uma guerra que ainda não está longe. “Quero que as pessoas vejam esta peça como se fosse a realidade que vivemos hoje”, acrescentou.
Rita Cena interpreta Clitemnestra, mãe de Ifigênia e esposa do rei Agamenon. Clitemnestra tenta em vão “salvar a filha” e em vão tenta “dar voz” ao coro de mulheres revoltadas.
“O maior desafio desta personagem é dar-lhe densidade e interpretar uma mulher que perdeu a filha”, confessou a jovem.
Mesmo que sua personagem seja “mais barulhenta” que o coro de mulheres revoltadas, Rita Cena é uma das poucas personagens femininas da peça, que é retratada no palco por 10 meninas e três meninos.
A peça estreia no Teatro Carlos Alberto na sexta-feira, às 21h, e fica em exibição durante todo o final de semana, com apresentações no sábado, às 19h, e no domingo, às 16h.
Todos os anos sobem ao palco do Teatro Nacional de São João projetos e provas finais de alunos de diferentes escolas artísticas do Porto.

