Descentralização permitirá maior envolvimento da Câmara Municipal do Porto nos processos sociais
Foi esta sexta-feira revelado que a Câmara do Porto gastou cerca de 2,1 milhões de euros nesta área desde abril de 2023 e acompanhou mais de 7.200 processos sociais desde a transferência de competências em atividades sociais.
Fernando Paulo, vereador responsável pelas atividades sociais, disse à Lusa que as verbas transferidas pelo governo foram “suficientes” para acomodar os processos sociais.
Em abril de 2023, mês em que o município ganhou competências nesta área, foram acompanhados 2.232 processos. Destes, 2.008 estavam relacionados com o rendimento social de inserção (RSI) e 224 estavam relacionados com serviços de acompanhamento socioassistencial (SAAS).
Em março, 11 meses após a devolução, os municípios acompanhavam 7.299 processos. Destes, 5.609 estavam relacionados ao RSI e 1.690 estavam relacionados ao SAAS.
O vereador, que partilhou com a Lusa os dados recolhidos pelo serviço de monitorização, disse que a freguesia do Campanhão, zona leste da cidade, é a freguesia com maior número de processos de RSI, seguida do centro histórico e de Paranhos.
Ao analisar os dados do SAAS, a tendência inverte-se, com as freguesias do centro histórico a registarem o maior número de processos, seguidas de Campanhão e Paranhos.
Fernando Paulo disse que a cidade aprovou também 2.176 transferências individuais de dinheiro, gastando com elas mais de 331 mil euros (equivalente a cerca de 152 euros por pessoa).
Foram apresentados um total de 2.738 pedidos ad hoc, sendo a habitação (72%), os meios de subsistência (18%) e a saúde (6%) citados como os principais motivos.
Estas reivindicações foram mais pronunciadas nas freguesias do Bonfim, Centro Histórico e Campanhin.
“Apesar da taxa de propriedade habitacional da cidade ser de cerca de 13%, a situação habitacional continua a ser uma questão urgente e prioritária”, disse ele, acrescentando que não é responsabilidade do sector social “resolver o problema habitacional”. não houve.
Nos 11 meses analisados, o Centro Regional de Inserção, que integra os municípios, os centros distritais de segurança social, os centros de emprego e formação profissional, a Direção Geral do Estabelecimento Escolar e a Direção Regional de Saúde do Norte, conseguiu 6.110 contratos de inserção. 84% deles eram atualizações.
Entretanto, a Linha Nacional de Emergência Social recebeu 144 pedidos, dos quais 48% eram sobre pessoas sem-abrigo, 27% sobre situações de sem-abrigo e 19% sobre perda de autonomia.
No período analisado foram cadastrados 8.313 domicílios e 14.545 indivíduos, sendo a maioria mulheres (59,7%).
Das pessoas monitorizadas pelas autoridades locais, 28,2% vivem em alojamentos arrendados, 27% vivem em habitações públicas e 6,3% são sem-abrigo.
O legislador disse que o desemprego, as dificuldades financeiras e as doenças são os principais problemas e revelou que, depois do desemprego, os estudantes representam a maioria dos beneficiários.
Fernando Paulo defendeu a necessidade de o Estado desenvolver “novos modelos e medidas” para fazer face às dificuldades associadas a estes processos, incluindo o acesso à habitação, à saúde mental e à toxicodependência, em declarações à Lusa.
A Câmara Municipal do Porto assinou cinco instituições para monitorização do RSI, duas para monitorização do SAAS e outros dois protocolos para o modelo piloto do Serviço Integrado de Assistência e Vigilância Social (SAASI).
O acompanhamento é assegurado por nove equipas de 79 técnicos e 21 auxiliares de ação direta em sete freguesias do Porto.

