Dia Nacional do Estudante, que simboliza o alojamento, a migração e a saúde mental, será celebrado este domingo
Desde 1987 que o Dia Nacional do Estudante em Portugal é comemorado a 24 de março, mas este ano cai num “domingo”. Na passada quarta-feira, a Federação Académica do Porto (FAP) celebrou a sua iniciativa “30 Gerações”, aludindo ao facto de o poder de compra dos licenciados ter caído 30%.
Centenas de estudantes marcham da estação de metro da Trindade até à Avenida dos Aliados, carregando malas que sugerem imigração, desafiando questões como a falta de alojamento e possível imigração.
Foram expostos cerca de 10 painéis em frente à Câmara Municipal do Porto, contendo vários testemunhos de estudantes universitários destacando dificuldades pessoais nos estudos.
Francisco Porto Fernández, recentemente eleito pela FAP, identificou os seus obstáculos e não escondeu em entrevista ao Porto Canal: “Ser estudante no Porto é um privilégio e uma experiência única.'' “É a melhor experiência da vida de qualquer pessoa”, disse ele, mas reconheceu que “obviamente há sempre problemas”.
Um aluno da Faculdade de Economia alertou para a “discrepância'' entre a mensalidade e o valor pago pelo quarto. “Atualmente no Porto as propinas são inferiores a 70 euros por mês, mas o custo dos quartos é de 400 euros. Falamos de alunos de mestrado que pagam propinas de 150 euros por mês, mas os preços dos quartos continuam a ser o dobro. “Para muitas famílias, é até um obstáculo para os seus filhos frequentarem o ensino superior”, frisou.
Um inquérito realizado pela Invicta, uma organização académica que representa estudantes, descobriu que apenas 22% dos inquiridos esperam alugar ou comprar casa aos 25 anos, e 24% esperam alcançar a independência financeira aos 30 anos. O inquérito, cujas conclusões foram publicadas poucos dias antes das eleições legislativas de 10 de Março, revelou que metade dos inquiridos considerava imigrar depois de concluir o ensino superior e 33% ainda não quis responder.
“Somos a geração mais qualificada de sempre, mas somos também a primeira geração que viveu pior que os seus pais”, revela o mais jovem presidente da FAP.
Além do bolo, em que a falta de habitação e a ansiedade quanto ao futuro são os principais ingredientes, a deterioração do bem-estar psicológico dos alunos da Academia do Porto caracteriza também as conclusões do último estudo.
“Isso é preocupante para nós. E estamos preocupados porque por parte dos tutores há preocupações sobre o discurso e ainda assim nenhuma ação está sendo tomada. Quando digo estado, quero dizer… não estou falando apenas de dinheiro. É claro que precisamos de dinheiro para mais psicólogos e estratégias a montante, mas acima de tudo precisamos de dinheiro para uma atitude barata”, disse Francisco Fernández. “Como é possível que reitores, presidentes e instituições estejam a falar de saúde mental e ainda assim continuamos a testar as pessoas três ou quatro vezes por semana?”, concluiu.

