Segundo o jornal Público, as quatro pessoas que escravizaram pessoas com deficiência em Bragança foram libertadas enquanto se aguarda o resultado da investigação. O juiz ordenou que os quatro arguidos, hoje com 54 anos, suspeitos de exploração do homem desde 2007, recebessem documentos de identificação e autorizações de residência e fossem proibidos de ter contacto com a vítima.
Os quatro arguidos, suspeitos da prática dos crimes de tráfico de seres humanos, escravatura e falsificação de documentos, têm idades compreendidas entre os 37 e os 44 anos, todos da mesma família, sendo que dois deles formam casal.
Eles permanecem em liberdade porque o juiz decidiu que, como apenas uma vítima foi identificada, não havia risco de fuga, continuação da atividade criminosa ou interferência na investigação.
Durante quase 20 anos, este grupo de quatro pessoas escravizou e abusou do homem em Bragança.
“Durante 17 anos, a vítima foi sujeita a abusos físicos e psicológicos por parte dos arguidos e explorada como força de trabalho”, refere um comunicado da Polícia Judiciária (PJ).
Acrescentou que as vítimas foram “'alugadas' a terceiros para a prestação de trabalho agrícola, e os arguidos receberam uma compensação financeira pelos serviços prestados pelas vítimas”.
Segundo a PJ, o homem de 54 anos “sofre de atrasos cognitivos e não tem apoio da família”. Ele era “particularmente vulnerável” porque estava sob constante controle e vigilância e os seus documentos estavam na posse dos arguidos.
O homem disse: “Estávamos vivendo em condições precárias, passando a noite no acampamento em uma van sucateada, sem requisitos mínimos de moradia, saúde, higiene ou alimentação”.
A PJ disse ainda que os suspeitos “nunca permitiram que (a vítima) recebesse assistência médica e não lhe permitissem deslocar-se às urgências do hospital, mesmo quando sofreu um acidente grave”.
“A falta de tratamento deixou-o com danos permanentes nos membros inferiores, afetando gravemente a sua mobilidade”, acrescentou.
No entanto, o homem conseguiu escapar, e a PJ interveio, encaminhando de imediato o homem para um centro especializado de acolhimento e proteção a vítimas de tráfico de seres humanos e iniciando uma investigação que levaria à identificação do autor do crime.

