Está em curso um projeto de reabilitação para transformar o último andar do Stop Shopping Center, no Porto, num espaço de co-working para criadores. A informação foi avançada esta segunda-feira pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e pelo vereador responsável pelas atividades económicas, Ricardo Valente. Mas essa solução está preocupando os músicos.
Questionado pela vereadora eleita pela CDU, Ilda Figueiredo, sobre o estatuto de classificação do edifício da rua Heroísmo, Rui Moreira disse que se trata de uma “classificação complexa”, pois inclui não só o património arquitetónico do edifício, mas também as suas atividades culturais. Acontece lá.
Solicitado a aprofundar o processo, o vereador Ricardo Valente disse: “Há um projeto para reconstruir o centro internamente”. [Comercial Stop] O que é realmente interessante, e o que os actuais proprietários estão a pressionar, é transformar o centro num espaço de co-working do ponto de vista cultural. ”
Rui Moreira acrescentou que o projeto poderá decorrer «na parte superior, que é um grande espaço polivalente». O espaço, descrito como a discoteca do shopping, é “grande” e servirá para atividades “muito procuradas na cidade”. “Todos os jovens que trabalham em coworking poderão participar nesse ecossistema”, enfatizou o presidente da Câmara do Porto.
No entanto, esta solução não agrada aos músicos que temem um aumento acentuado dos rendimentos.
Em comunicado, a Associação Cultural dos Músicos STOP criticou a intenção do governo de transformar o STOP num edifício com comércio e serviços, além de espaço de ensaio para artistas. “Quem quiser ensaiar precisa isolar e isolar a sala em questão, caso contrário terá que sair (…) 15 mil euros ou 20 mil euros para isolar o espaço”. São muito poucas as pessoas que têm potencial para gastar 10 mil. euros”, diz o documento.
O Porto Canal também contactou a Associação ALMA, mas não obteve resposta.
Em resposta ao vereador da CDU, Rui Moreira sublinhou que “para quem não consegue suportar os custos (do aumento das rendas), temos Pires de Lima”, e o autarca deixou claro que o município também disse que as rendas não podem ser controladas .
O Porto Canal contactou a Autoridade de Gestão do Stop para esclarecimentos sobre o projeto, mas não obteve resposta.
Esta não é a primeira vez que a cidade aprova a aquisição da Stop Cinema. Ricardo Valente disse que o litígio sobre a saída de emergência na parte de trás da paragem ainda está pendente em tribunal e ainda não foi resolvido antes de o município obter autorização para a sua utilização.
“Embora este caso não tenha sido resolvido, não sabemos se haverá uma saída na situação de hoje, ou uma saída subsequente, ou outra alternativa que esteja a ser considerada”, disse ele.
Se a disputa não for resolvida com sucesso, está sendo considerada a possibilidade de sacrificar uma das lojas e abrir uma rota de emergência para a frente do edifício.

