A Federação da Restauração do Douro alertou esta quarta-feira que alguns produtores de vinho poderão não conseguir vender as suas uvas durante a vindima, destacando os “bons tempos” em que foram restringidas as grandes importações de uvas, mostos e vinho para a região.
A associação que representa os produtores da região fronteiriça do Douro vai realizar esta quarta-feira uma audiência pública na Comissão de Agricultura e Pescas para discutir as dificuldades antecipadas para a colheita de 2024 e a reintegração da Casa do Douro como entidade pública com registo obrigatório. processo.
Na região do Douro, a última colheita causou agitação social, uma vez que as empresas deixaram de comprar uvas aos produtores ou compraram menos uvas devido a dificuldades de venda de vinho e excesso de stocks. Como resultado, os produtores reclamaram que suas uvas eram oferecidas a “preços muito baixos”. Este é um problema que teme-se que se torne mais grave.
Rui Paredes disse que alguns produtores de vinho já receberam cartas de empresários alertando-os para não comprarem uvas durante a época das vindimas.
Numa carta, datada de abril e a que a Lusa teve acesso, a empresa informa os produtores que não pode comprar uvas porque tem demasiado vinho armazenado.
“Eles são [viticultores] Estão em processo de investimento porque têm que fazer todo o processamento e chegam à fase de não saberem onde colocar as uvas. “Esta é a realidade no momento”, disse ele.
A Associação dos Vinhos do Douro Porto (IVDP) anunciou esta sexta-feira que decidiu proibir a entrada no Douro de grandes quantidades de uvas, mostos, vinhos e outros vinhos e produtos similares que não estejam abrangidos pela Denominação de Origem Protegida (DOP). ) e a Indicação Geográfica Protegida (IGP) da Zona Fronteiriça do Douro”.
A medida entrou em vigor no sábado.
“Esta é uma das coisas que tínhamos em cima da mesa e de que falávamos há mais de um ano. Sempre dissemos que isso não é possível porque entraria em conflito com a circulação de pessoas e mercadorias dentro da União Europeia.” bons tempos isso era possível e você pode ver por que não foi possível no ano passado ou há dois anos.”
Na sua opinião, esta foi uma medida “radical” porque a movimentação do vinho de fora da região estava a fazer baixar os preços.
Outra opção sugerida pelos produtores é a destilação do excedente de vinho em aguardente vínica para produção de vinho do Porto ou moscatel.
A região consome aproximadamente 240 mil barris de vinho e aguardente.
“Uma forma de atenuar o problema do excesso de pipas foi reduzir esse excesso de pipas em cerca de 50 mil pipas. Pretendemos transformar em aguardente e adicioná-la ao vinho do Porto e ao moscatel do Douro”, explicou.
A colheita em verde é uma “forma de remunerar diretamente os produtores de vinho” e é outra medida defendida pelos produtores porque retira uvas e, consequentemente, vinho do mercado.
“Nada disto vai resolver o problema individualmente, mas juntos vão resolver efetivamente os problemas que temos no rio Douro”, afirmou Rui Paredes.
A reintegração da Casa do Douro como entidade pública com registo obrigatório foi aprovada pelo Congresso em janeiro, com voto a favor do PS, PCP, BE e do então membro do Partido Social Democrata, Soberal de Andrade.
O prazo para as organizações elaborarem leis eleitorais está em contagem regressiva desde 28 de abril, após a publicação da nova lei no Diário Oficial.
Em 2015, a Federação para a Renovação do Douro venceu o concurso para gestão privada da organização, mantendo também a sede da organização e o direito de utilização da denominação Casa do Douro.
Rui Paredes disse que a situação financeira da federação está a deteriorar-se e “não estamos a angariar quaisquer fundos”.
“O processo Casa do Douro precisa de avançar ou encontrar uma solução, porque é impossível continuar nesta situação de turbulência financeira”, afirmou.

