Trancoso quer investir em projeto de desenvolvimento turístico na maior necrópole ibérica
A aldeia de Moreira de Rei, situada no concelho de Trancoso, província da Guarda, quer fazer do maior cemitério da Península Ibérica uma importante atração turística, estando o projeto de desenvolvimento concluído até ao final do ano.
A intervenção incluirá a escavação de alguns dos 670 túmulos rupestres identificados, a preparação da área, o restauro da Igreja de Santa Marinha e a criação de um centro interpretativo no interior do templo religioso.
Amilcar Salvador, presidente da Câmara Municipal de Trancoso, acredita que esta descoberta dará aos visitantes mais um motivo para permanecerem mais tempo na cidade.
“Esta é uma descoberta muito importante, porque estamos a falar do maior cemitério da Península Ibérica. São verdadeiros tesouros que aqui estavam escondidos. Há muito valor nestas áreas”, frisou a agência Lusa.
Para se preparar para o impacto da descoberta, a Câmara Municipal criou um centro de informação turística à entrada da vila, inaugurado em setembro.
As ruínas, situadas junto à Igreja de Santa Marinha, datam do século XII e foram declaradas monumento nacional desde 1932. A área foi alvo de uma investigação e estudo que começou em 2018 e terminou em julho passado.
As constatações obrigaram à adaptação do projeto de avaliação recomendado pela Câmara de Comércio e Indústria de Trancoso.
“A nossa perspectiva era ambiciosa, mas o que realmente aconteceu superou em muito as nossas ambições. O facto de haver aqui um legado de pérolas significa que o projecto terá necessariamente que se adaptar. Significou alguma coisa”, disse Tiago Castella, arquitecto e responsável pela Câmara Municipal. departamento de obras.
Embora algumas sepulturas permaneçam visíveis, a maioria será coberta para garantir a preservação, pois são feitas de pedra porosa e menos dura.
“Do ponto de vista técnico, queremos deixar mais para trás.” [sepulturas] Porém, houve limitações como distribuição aos domicílios e avaliação do que foi encontrado”, ressalta o engenheiro.
Tiago Castella sublinha que “a memória permanece sempre” e que o que é invisível pode ser confirmado no centro interpretativo onde são colocados os achados do cemitério.
As investigações revelaram sepulturas antropomórficas de adultos e crianças, algumas com ossos ainda visíveis, datadas do século VIII/IX ao século XII/XIII.
A arqueóloga Joan Roban, que tem acompanhado a intervenção, salienta que a necrópole não é totalmente visível.
“Esta é apenas uma pequena parte do cemitério, estimamos que seja um pouco mais de 50 por cento. O resto está sob as estruturas em construção”, destacou.
O mais importante para um arqueólogo é tirar conclusões e resultados de tudo o que é obtido no local por meio de pesquisas. Além dos ossos, vários outros itens também foram descobertos, incluindo rosários, medalhas e enfeites.
Os arqueólogos afirmam que o objetivo da intervenção era registrar o que parecia ser o melhor possível, remover todas as informações antes de remover os ossos e preservar todos os achados.
José Amaral Veiga, natural de Moreira de Rey, lembra-se da sua infância jogando futebol junto à igreja, sem saber que esta estava cheia de sepulturas.
Hoje com 73 anos e presidente da Câmara Municipal de Trancoso, ele tem o “sonho” de ver sua cidade natal “valorizada” por uma série de equipamentos que possam criar um circuito cultural.
A vila de Moreira de Rei, a 7,5 quilómetros da sede do concelho, alberga dois monumentos nacionais, as Ruínas e os Pilares do Castelo, bem como a Igreja de Santa Marinha.

